Os vencedores

Em cerimônia transmitida ao vivo, pelo canal no YouTube do Itaú Cultural, responsável pela governança do prêmio, o Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa 2021 anunciou os três vencedores desta edição.

O romance O plantador de abóboras, do escritor timorense Luís Cardoso, publicado em Portugal pela editora abysmo, foi o vencedor do prêmio em primeiro lugar. Esta é a primeira vez que um livro do continente asiático figura entre finalistas e vencedores.

O júri ressaltou a destreza e a desenvoltura narrativa do autor na construção da história atravessada pela violência que marcou o passado colonial do Timor-Leste. Nas palavras do escritor Itamar Vieira Junior, jurado do prêmio, “é um romance que nos lembra que a língua portuguesa permanece viva e ganhou densidade e profundidade em cada fração de terra onde é falada. É um romance que nos faz refletir também que a história de uma personagem nunca é solitária – é uma história que carrega consigo a história de sua comunidade, de seu povo e, neste caso, a história de um país: o Timor-Leste”.

Em segundo lugar, ficou o romance O ausente, do escritor e professor brasileiro Edimilson de Almeida Pereira, publicado no Brasil pela Relicário. A obra é o primeiro volume da trilogia Náusea, que inclui também Um corpo à deriva (Edições Macondo), que foi semifinalista do Oceanos, e Front (Editora Nós), vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2021.

Para o júri, trata-se de um livro que rompe as fronteiras entre prosa e poesia, um exímio trabalho com a linguagem e com as inúmeras possibilidades de subvertê-la. Construído como um fluxo, em que nada está determinado – nem a própria língua nem o nome da personagem –, O ausente é um livro sobre liberdade, elemento que atravessa a construção da obra para recriar o universo rural, intimista e místico onde é ambientada a narrativa.

O terceiro lugar foi concedido ao romance O osso do meio, de Gonçalo M. Tavares, publicado em Portugal pela editora Relógio D'Água. O autor venceu o Prêmio Oceanos em duas ocasiões: 2007, com Jerusalém, e 2011, com Uma viagem à Índia. De acordo com o júri, Gonçalo M. Tavares retoma neste livro a perspectiva da violência – da escrita e do tema – e concebe um texto duro, de muita contenção. É um romance que, a partir da margem do terror, coloca o leitor em uma posição de fragilidade, mostrando um lado divergente daquilo que somos enquanto humanos, algo que receamos tornar-nos.

O Oceanos é realizado em três etapas de votação até chegar aos vencedores. Ao todo, foram 5.953 leituras realizadas pelos três júris que se sucederam na seleção de semifinalistas, finalistas e vencedores.

Participaram do júri para seleção dos três vencedores a angolana Ana Paula Tavares, os brasileiros Itamar Vieira Junior, Julián Fuks, Maria Esther Maciel e Veronica Stigger e os portugueses António Guerreiro e Golgona Anghel.

O valor total da premiação é de 250 mil reais, sendo 120 mil para o primeiro colocado, 80 mil para o segundo e 50 mil para o terceiro.